quarta-feira, 10 de março de 2010

Pela manhã,

Helena levantou uns dez minutos atrasada, apenas. Tinha agora que correr para conseguir tomar um banho, comer alguma coisa, escovar os dentes e ir ao trabalho rotineiro. Dez minutos, o suficente para uma maior agitação no seu horário, já que, para conseguir aproveitar um pouco mais de seu sono, programava seu despertador para uma hora-limite. Com pressa, pegou sua bolsa em cima da mesa de centro, derrubou umas canetas no chão, esbarrou na porta e saiu. Helena sempre ia de carro, mas, ao chegar no estacionamento do prédio e rodar a chave no volante, uma surpresa: o carro não ligava. Sem pensar mais uma vez, saiu, fechou a porta do carro, e foi atrás da primeira condução que a deixasse no trabalho. Olhou para um lado, olhou para o outro, quantos carros pela rua! Não conseguia sequer atravessar, nunca a rua havia parecido tão agitada. Já perturbada com a hora, resolveu ameaçar passar pela frente dos carros. Assim o fez, e um carro, no susto, freou bruscamente. Continuou a andar com os passos longos e rápidos, aflita para que chegasse logo na condução. Fez sinal e, pra sua revolta, o motorista, apontando o dedo indicador, mostrou que o ponto era mais à frente. Correu, correu, correu. O ônibus, finalmente, parou. Helena entrou ofegante, à procura de um lugar que pudesse sentar. Uffa, um banco disponível. Olha o relógio, e a certeza de que está atrasada só é confirmada. Quantos pensamentos, quantos medos. {Meu chefe vai me matar! Já estou até vendo a chamada que vou levar.} Era nova no trabalho, estava naquele escritório pouco menos de dois meses. Um pouco mais à frente, entra no ônibus uma senhora já de idade, aparentava uns noventa anos. Ela teve que pagar a passagem e passar pela roleta, o porquê eu não sei. Não havia mais lugar, afinal, o último era o de Helena. Como Helena era alguém de coração muito nobre, uma mulher de muitas qualidades, amava ao próximo e se importava com as pessoas, se levantou, cedendo seu lugar. Ninguém se moveu, só ela. Alguns fingiam dormir, outros simplesmente ignoravam a idade daquela senhora. A senhora, com um sorriso, agradeceu sua gentileza. Mais uma vez, Helena olha o relógio, estava angustiada. Finalmente, o ônibus chega a seu destino. Ela desce eufórica, olha para os dois lados da rua e atravessa. Ali estava o prédio onde trabalhava. Subiu as escadas, nem esperou o elevador. Com alguns papéis na mão e a bolsa no ombro, abriu a porta do escritório. Ou melhor, virou a maçaneta. Estava tudo trancado, não havia ninguém. Ela abriu a bolsa, pegou sua chave e abriu o escritório. Ela se sentou, ajeitou suas coisas em frente ao computador. Chega, alguns minutos depois, seu chefe. Mesmo sendo o chefe, já chegou se desculpando pelo atraso, alguns problemas tinham acontecido e, por isso, havia chegado aquela hora. Ela, com um sorriso de alívio, explicou a ele o que também tinha acontecido com ela. {Como são as coisas! Às vezes nos preocupamos tanto, que acabamos sofrendo por antecipação.} E esses foram os últimos pensamentos de Helena antes de iniciar, de fato, seu dia de trabalho.

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