Alguém que sente uma alegria gigante em viver; alguém que acorda, olha para o céu e admira o dia; alguém que ri de coisas bobas; alguém que se sente como uma criança ao ver um simples avião; alguém que adora chiclete; alguém que faz questão de ter os amigos por perto; alguém que pisca pra todo mundo; alguém que enche o saco quando cisma com alguma coisa; alguém que valoriza pequenas coisas; alguém que às vezes chora por bobeira; alguém que se faz de durona; alguém que quer sempre chamar a atenção; alguém que parece nunca estar ai pra nada; alguém que odeia estudar; alguém que fica entediada quando tem que ler um livro; alguém que vê um filme vinte vezes e não lembra se assistiu; alguém que sonha com o príncipe encantado; alguém que vive no telefone; alguém que vive planejando coisas que nunca faz; alguém que gosta de olhar nos olhos; alguém que tem mania de falar olhando pra boca; alguém que come mais que num sei o que; alguém que se alegra com os que se alegram; alguém que chora com os que choram; enfim, alguém que tenta fazer o possível pra ser alguém.
terça-feira, 30 de março de 2010
quarta-feira, 10 de março de 2010
Pela manhã,
Helena levantou uns dez minutos atrasada, apenas. Tinha agora que correr para conseguir tomar um banho, comer alguma coisa, escovar os dentes e ir ao trabalho rotineiro. Dez minutos, o suficente para uma maior agitação no seu horário, já que, para conseguir aproveitar um pouco mais de seu sono, programava seu despertador para uma hora-limite. Com pressa, pegou sua bolsa em cima da mesa de centro, derrubou umas canetas no chão, esbarrou na porta e saiu. Helena sempre ia de carro, mas, ao chegar no estacionamento do prédio e rodar a chave no volante, uma surpresa: o carro não ligava. Sem pensar mais uma vez, saiu, fechou a porta do carro, e foi atrás da primeira condução que a deixasse no trabalho. Olhou para um lado, olhou para o outro, quantos carros pela rua! Não conseguia sequer atravessar, nunca a rua havia parecido tão agitada. Já perturbada com a hora, resolveu ameaçar passar pela frente dos carros. Assim o fez, e um carro, no susto, freou bruscamente. Continuou a andar com os passos longos e rápidos, aflita para que chegasse logo na condução. Fez sinal e, pra sua revolta, o motorista, apontando o dedo indicador, mostrou que o ponto era mais à frente. Correu, correu, correu. O ônibus, finalmente, parou. Helena entrou ofegante, à procura de um lugar que pudesse sentar. Uffa, um banco disponível. Olha o relógio, e a certeza de que está atrasada só é confirmada. Quantos pensamentos, quantos medos. {Meu chefe vai me matar! Já estou até vendo a chamada que vou levar.} Era nova no trabalho, estava naquele escritório pouco menos de dois meses. Um pouco mais à frente, entra no ônibus uma senhora já de idade, aparentava uns noventa anos. Ela teve que pagar a passagem e passar pela roleta, o porquê eu não sei. Não havia mais lugar, afinal, o último era o de Helena. Como Helena era alguém de coração muito nobre, uma mulher de muitas qualidades, amava ao próximo e se importava com as pessoas, se levantou, cedendo seu lugar. Ninguém se moveu, só ela. Alguns fingiam dormir, outros simplesmente ignoravam a idade daquela senhora. A senhora, com um sorriso, agradeceu sua gentileza. Mais uma vez, Helena olha o relógio, estava angustiada. Finalmente, o ônibus chega a seu destino. Ela desce eufórica, olha para os dois lados da rua e atravessa. Ali estava o prédio onde trabalhava. Subiu as escadas, nem esperou o elevador. Com alguns papéis na mão e a bolsa no ombro, abriu a porta do escritório. Ou melhor, virou a maçaneta. Estava tudo trancado, não havia ninguém. Ela abriu a bolsa, pegou sua chave e abriu o escritório. Ela se sentou, ajeitou suas coisas em frente ao computador. Chega, alguns minutos depois, seu chefe. Mesmo sendo o chefe, já chegou se desculpando pelo atraso, alguns problemas tinham acontecido e, por isso, havia chegado aquela hora. Ela, com um sorriso de alívio, explicou a ele o que também tinha acontecido com ela. {Como são as coisas! Às vezes nos preocupamos tanto, que acabamos sofrendo por antecipação.} E esses foram os últimos pensamentos de Helena antes de iniciar, de fato, seu dia de trabalho.
sábado, 6 de março de 2010
Já quis ser atriz, trabalhar na televisão, atuar no teatro.. Já quis ser cantora, fazer shows, ser contratada. Há quem diga também que eu já quis ser, simplesmente, famosa. Já tive vontade de fazer medicina, de cuidar dos dentes e também de animais. Já quis até ser uma ótima advogada. Já pensei em comprar uma casa com a minha mesada, construir uma família com uma renda mínima de cento e cinquenta reais. Já imaginei como seria voar de balão e pegar um ônibus sem destino. Já passou pela minha cabeça também dar bom dia pra todos que eu visse pela rua. Já saí de casa pensando: "hoje eu vou cantando e rindo pra todo mundo daqui até lá fora". Já quis desistir da faculdade. Já imaginei como seria se asfalto fosse flor. Já pensei, inclusive, como seria o meu enterro: "Será que alguém ia chorar? Será que eu realmente faria falta?" Já parei pra pensar também se eu suportaria a perda de alguém importante...
E se eu perdesse minha memória? Ah, eu nem ia saber.Tsc, esquece! ¬¬
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