Pobre Ana, sempre muito prestativa. Já estava cansada de tanta injustiça, injustiça externa e também interna, o que era ainda pior. Suas paixões eram enlouquecedoras; os amores, não valentes. O que falava mais alto era o medo de cair em uma repetida armadilha, daquelas que não se tem como escapar. Na verdade, o escape estava bem ao seu lado, mas ela corria para que não houvesse sequer uma chance de dar de cara com o precipício. Doce loucura. Tinha um alvo, mais alvo que as nuvens do céu, alvo como a leveza do algodão. Era lindo, com uns músculos salientes; sua boca despertava algo que Ana não podia entender; os pêlos que saíam de sua cabeça eram claros como a luz do dia, e seus olhos eram da cor do mel. Era angelical. Divino. Vindo dos céus. Uma paixão enlouquecedora e um amor amedrontador. Não tinha para onde fugir. Viveu louca. Morreu de medo.